Número de médicos no Brasil deve saltar para 1,15 milhão em 10 anos, projeta estudo

Do total de médicos no país, 59,1% são especialistas e a outra fatia é formada por médicos generalistas

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Foto: Reprodução/Inspirali 


O Brasil deve encerrar o ano com 635,7 mil médicos, o que representa um crescimento de 22,5% quando comparado a 2020. O volume atual representa 2,98 médicos por mil habitantes. A expectativa é que haja 1,15 milhões desses profissionais em 2035, o que elevaria a relação entre médicos e população para 5,25. Os dados são do estudo Demografia Médica do Brasil 2025, elaborado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, coordenado pelo professor e médico Mario Scheffer.


Do total de médicos no país, 59,1% são especialistas e a outra fatia é formada por médicos generalistas. O estudo mostra ainda a disparidade desses profissionais no país. Apenas 5,9% dos médicos especialistas estão no Norte do país. No Centro-Oeste, esse percentual é de 7,5%, no Nordeste, 14,5%. As maiores participações estão no Sudeste, com uma fatia de 55,4% e Sul, 16,7%. O Estado de São Paulo concentra o maior volume de médicos, 172,7 mil o que representa uma razão de 3,76 médicos para cada mil habitantes.


O estudo, que pela primeira vez teve apoio financeiro do Ministério da Saúde, mostra que houve aumento de cursos no interior. “Os médicos estarão mais próximos da população desassistida, mas algumas regiões haverá superconcentração como São Paulo e Santa Catarina. Precisamos acompanhar isso”, disse Scheffer.


Eloisa Bonfá, diretora da FMUSP, chamou atenção sobre a carência de residências — o número não acompanhou o crescimento da graduação. “Temos uma grande preocupação sobre a crescente disparidade de médicos sem residência, sem avaliação de qualidade. É necessário ter uma supervisão adequada", disse. Em 2024, havia 16,2 mil vagas de residência para 32,6 mil formados na graduação de medicina, no ano anterior.


O ministro Alexandre Padilha, da Saúde, disse vai criar um projeto para resolver essa carência de vagas de medicina e que tem como estratégia criar mecanismos para apoiar e ter programas de residência no interior que é fator essencial para fixação dos médicos recém-formados no interior. Padilha criticou a revogação da medida que autorizava a abertura de vagas de residência na mesma proporção das de graduação.


O ministro lembrou que a moratória, que fechou abertura de novos cursos de medicina por cinco anos, entre 2019 e 2023, provocou a judicialização.


O ministro disse ainda defender a realização de testes de progresso para alunos de medicina ao longo dos seis anos da graduação ao invés de um exame de proficiência ao fim do curso. “É uma forma de ir melhorando à formação do aluno e curso”, opinou.


“Estamos preocupadíssimos com os egressos, eles precisam ser avaliados para segurança do paciente que eles vão atender”, disse César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). Ele destacou a necessidade de qualificação também das residências e dos profissionais que já obtiveram o título de especialistas.


O estudo mostra ainda que a renda média do médico em 2022 era de R$ 36,8 mil, o que representa uma queda 7,3% quando comparado em 2012. Os dados consideram levantamentos realizados a partir de declarações do Imposto de Renda (IRPF). As regiões que tiveram os maiores rendimentos declarados foram Roraima (com renda média de R$ 50,6 mil), Distrito Federal (R$ 44,6 mil) e Amapá (R$ 42,4 mil). Na outra ponta, os menores rendimentos vêm do Maranhão (R$ 29,9 mil), Bahia (R$ 31,3 mil) e Paraíba (R$ 32 mil).


*Valor Econômico

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