Mauro Cid diz que Bolsonaro consultou Forças Armadas sobre golpe

Ex-ajudante de ordens fechou delação premiada com a PF

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Coronel Mauro Cid ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Alan Santos/PR

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou, em delação premiada que fechou com a Polícia Federal, que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula das Forças Armadas para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para anular o resultado da eleição de 2022 que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República.


Segundo informações reveladas pelo UOL e confirmadas pelo Estadão, Cid relatou que Bolsonaro – enquanto ainda era presidente – recebeu do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para prender adversários e convocar novas eleições.


Bolsonaro, então, segundo Cid, teria levado o documento para a alta cúpula das Forças Armadas, obtendo apoio do então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos. O restante do Alto Comando, no entanto, não teria aderido ao plano.


Na delação, Cid disse que foi testemunha das duas reuniões, quando Bolsonaro recebeu o documento do assessor e também quando levou-o aos militares.


MINUTA DO GOLPE

Uma das suspeitas dos investigadores é que as articulações a partir dessa reunião resultaram nos atos do 8 de janeiro. A Polícia Federal ainda investiga se o documento citado por Cid é a mesma minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres.


FALSIFICAÇÃO DE CERTIFICADOS DA VACINA

Em sua delação, o ex-ajudante de ordens também falou sobre a falsificação de certificados de vacina que o levaram à prisão em maio, além de outros casos como o esquema de venda de joias, que envolve o presidente e arrasta militares do Exército, Marinha e Aeronáutica para problemas de Bolsonaro.


A investigação da PF ainda deve realizar diligências para verificar a veracidade das revelações feitas pelo delator.


Em nota, a defesa de Cid afirmou não ter os depoimentos a respeito da reunião de Bolsonaro com a cúpula militar e disse que eles são sigilosos.


INVESTIGAÇÃO ESTARIA “ESTICANDO A CORDA” DOS MILITARES

Em entrevista ao Estadão, os militares chegaram a dizer que veem a Justiça “esticando a corda” com prisões e investigações que envolvem as Forças, e alegaram que isso geraria instabilidade e insegurança. A afirmação ocorreu depois que a PF prendeu comandante da PM no DF, além de coronéis e tenente por omissão ante 8 de janeiro.


Na acusação desse caso, a PGR narrou que provas colhidas apontam que “havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.


CID FOI LIBERADO DA PRISÃO PARA PARTICIPAR DA DELAÇÃO

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, estava preso desde maio, quando foi revelado um esquema falsificação de carteiras de vacinação contra a Covid-19. No entanto, no último dia 9, Cid foi liberto do Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, após sua delação premiada ser homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


Ao longo dos quatro anos em que Bolsonaro ocupou o Palácio do Planalto, Mauro Cid foi chefe da ajudância de ordens do então presidente. Esse posto é dado a um oficial, que deve ficar à disposição do presidente no desempenho das funções, como um secretário particular do chefe do Executivo.


No período, o tenente-coronel teve livre acesso ao gabinete presidencial, ao Palácio da Alvorada e até mesmo ao quarto ocupado pelo ex-chefe do Executivo em hospitais, após cirurgias.


O advogado Fábio Wajngarten, que integra a defesa de Jair Bolsonaro (PL), informou que o ex-presidente não vai se manifestar.


Procurado, o ex-assessor Filipe Martins não atendeu a reportagem nem respondeu as mensagens enviadas. O espaço permanece aberto para declarações.


A reportagem também busca contato com o almirante Almir Garnier Santos. O espaço permanece aberto.


*AE/*Pleno.news 

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