As ações da Petz [PETZ3] fecharam com 37,14% de alta na última sexta-feira (19), a R$ 4,80. O anúncio pela manhã da assinatura de um memorando de entendimentos para potencial fusão com a Cobasi deixou muito investidor “feliz pra cachorro”.
Petz/Cobasi | imagens: Divulgação A Petz foi avaliada em R$ 3,3 bilhões na operação, com preço de R$ R$ 7,10 ativo. As duas companhias agora têm entre 60 e 90 dias para realizar processos de due dilligence, estimar sinergias potenciais e assinar acordos finais. Se bem sucedido, o acordo fica sujeito ainda à aprovação do Cade.
A nova empresa já nasceria com caixa líquido de R$ 200 milhões. O capital social ficaria dividido entre 50% de acionistas da Petz e 50% de acionistas da Cobasi.
Junto com a Petlove, as duas são as maiores empresas do mercado pet do Brasil – um segmento profundamente fragmentado, majoritariamente composto pelas pet shops de bairro. Assim, uma combinação de negócios já era aguardada. “Era a solução para as empresas não perderem mais margem”, diz Max Bohm, estrategista de investimentos da Nomos.
Petz e Cobasi até então batalhavam entre si, estabelecendo uma “guerra de preços”, completou o especialista. Dado que o varejo por si só trabalha com margens de lucro apertadas, a fusão é ótima para os investidores da Petz – entretanto, ruim para os clientes, frisa Max.
Lucas Lima, analista da VG Research, também considera a fusão positiva para a Petz, destacando as sinergias operacionais em potencial. “Uma boa parte das lojas da Petz está a poucos quilômetros das lojas da Cobasi, o que gera um grande desgaste em investimentos que muitas vezes não compensa.”
Além da revisão do plano de abertura de lojas, a junção de Petz e Cobasi deve melhorar a estrutura de despesas, logística e entregas da nova companhia, assim como uma complementaridade na oferta de produtos e serviços.
Como exemplo, Lucas menciona a Petix, que atua no ramo de tapetes higiênicos no Brasil, segmento no qual a Cobasi não atua. “Portanto, há uma grande capilaridade para ser buscada e impulsionar fortemente os resultados da Petix”, avalia.
Em um contexto mais amplo, está em curso no setor uma consolidação semelhante ao que ocorreu em inúmeros outros setores nas últimas décadas, semelhante ao visto entre os bancos e supermercados anteriormente.
“O interessante é que essa indústria de vendas de serviços, especialmente produtos pet, é uma indústria recente”, destaca Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital. O segmento não existia há 30 anos, mas cresceu tanto nos últimos 20 a ponto de hoje já estar em consolidação.
O fortalecimento do e-commerce contribuiu significativamente para mudar a dinâmica competitiva do mercado pet no Brasil, com a entrada de players como Mercado Livre e Amazon. Todos os indicadores mostram continuidade do crescimento do setor, portanto mais uma razão para esperar bom resultado das empresas nele inseridas ao longo dos próximos anos, apontou Bruno.
Quanto à Cobasi e Petz, “a certeza que a gente tem é que as empresas juntas vão registrar uma otimização de caixa, de performance, de custos, e, não que esse seja o destaque”, conclui o especialista.
Enquanto Max Bohm não recomenda o investimento em PETZ3, a VG Research tem recomendação de compra, com preço justo de R$ 9,00. A casa ainda não considera o evento de hoje e potenciais sinergias.
No gráfico de oscilação, PETZ3 abriu o pregão desta sexta-feira com forte gap de alta, atingindo salto em torno de 45% na máxima do dia. Para quem estava posicionado no ativo, a região dos R$ 5,50 funciona como região de resistência do ativo, bom para realização de alvos, segundo o analista técnico Filipe Borges.
No curto prazo, todavia, ele não é comprador de PETZ3, pois “não há uma boa gestão de risco para isso”. A quem comprou as ações abaixo do preço negociado atualmente, ele recomenda realizar os lucros entre R$ 4,80 e R$ 50, com stop gain abaixo da mínima desta sexta-feira.
Para quem não tem posição no papel, a sugestão de Filipe é aguardar.
*TradeNews
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